Nós: uma dupla, uma amizade, muitas missões
segunda-feira, agosto 29, 2005
sábado, agosto 20, 2005
Ritmo
Na cidade, segue a vidaDo empregado, do empregador
Na praça do Sapo, o camelô
N’Afonso Pena, a prostituta
No calçadão, o vendedor
O trabalho é a vida
Do trabalhador
Oito horas de batente
Depois, ir pra casa
Nos pontos muita gente
Apesar da espera, da demora
O pessoal se consola
Um faz piada, o outro da risada
Tem um contente
De estar no batente
Sai da Z.Norte vai à Z.Sul
sem emprego a coisa é preta
com trabalho é tudo azul
Não importa a função
Muito menos o lugar
O importante é trabalhar
A conta quitar
Ter um trocado pra gastar
No final de semana tem churrasco
futebol e Fantástico
uma cervejinha pra relaxar
segunda começa de novo
a cidade vai acordar
é dia de trabalhar
terça-feira, agosto 16, 2005
Trabalho fichado
Fui chamada pra depor na delegacia, não sabia bem o que estava acontecendo, mas fui logo explicando o caso:
Trabalho todas as noites na avenida sete. Sou credenciada claro, mas não tenho carteira assinada, e até mesmo seria incomum para alguém com minha profissão se aposentar por tempo de serviço. Não que seja um serviço indigno, muito pelo contrário, é digno de suados cento e cinqüenta reais por noite. Mas veja bem Dr. que este homem careca de terno e aparentemente rico pensou estar lidando com mais uma leiga nos assuntos monetários, queria me pagar dez reais a hora, o que ele estava pensando?! Pareço algum trambolho por acaso? Tem gente que só pensa em se dar bem o tempo todo, este era um deles. Fechamos em cinqüenta reais a hora, mas ele logo avisou que não precisaria mais do que alguns minutos para concluir seus desejos. Levou-me até um motel barato da cidade, tirou as calças e me ordenou que o chupasse, dei uma analisada na coisa pra ver se estava tudo ok. Comecei a felação, mas o bendito do homem não parava de falar, perguntava meu nome, R.G, C.P.F e tudo mais:
_Escuta aqui, ou chupo ou falo! Disse em tom alterado.
_Então termina o serviço, foi a resposta.
Claro, o homem sabia do que falava, não demorou mais que quinze minutos mesmo. Depois pediu que assinasse um recibo de pagamento por serviços, nunca alguém me pediu tal coisa, de começo recusei, aquele sujeito era muito estranho, poderia ser algum tipo de bandido contra nós trabalhadoras da noite, mas ele falava tão bonito, era tão gentil. Me deu mais cinqüenta reais de gorjeta. Então, resolvi assinar o recibo que continha três folhas, todas escritas. Bem, escrito o que já não posso dizer, mal conclui a quarta série, o Dr. Sabe, vida de Tia é difícil, começa cedo. O fato é que assinei e coloquei o número do meu CPF, ah, isso eu sei escrever!
Outro dia vi este homem na televisão, era um deputado lá das bandas do Sul, ouvi dizer que é longe pacas. O cara tava lavando dinheiro e colocando na conta de terceiros, mas nunca imaginei que este ‘terceiro’ fosse eu. Dr. Delegado, nem conta em banco tenho! Se minha tevê é 29 polegadas é porque tive de ralar muito pra comprar.
O delegado me fitou intensamente com um pesar e disse:
_ Minha senhora, estupraram tua identidade.
Trabalho todas as noites na avenida sete. Sou credenciada claro, mas não tenho carteira assinada, e até mesmo seria incomum para alguém com minha profissão se aposentar por tempo de serviço. Não que seja um serviço indigno, muito pelo contrário, é digno de suados cento e cinqüenta reais por noite. Mas veja bem Dr. que este homem careca de terno e aparentemente rico pensou estar lidando com mais uma leiga nos assuntos monetários, queria me pagar dez reais a hora, o que ele estava pensando?! Pareço algum trambolho por acaso? Tem gente que só pensa em se dar bem o tempo todo, este era um deles. Fechamos em cinqüenta reais a hora, mas ele logo avisou que não precisaria mais do que alguns minutos para concluir seus desejos. Levou-me até um motel barato da cidade, tirou as calças e me ordenou que o chupasse, dei uma analisada na coisa pra ver se estava tudo ok. Comecei a felação, mas o bendito do homem não parava de falar, perguntava meu nome, R.G, C.P.F e tudo mais:
_Escuta aqui, ou chupo ou falo! Disse em tom alterado.
_Então termina o serviço, foi a resposta.
Claro, o homem sabia do que falava, não demorou mais que quinze minutos mesmo. Depois pediu que assinasse um recibo de pagamento por serviços, nunca alguém me pediu tal coisa, de começo recusei, aquele sujeito era muito estranho, poderia ser algum tipo de bandido contra nós trabalhadoras da noite, mas ele falava tão bonito, era tão gentil. Me deu mais cinqüenta reais de gorjeta. Então, resolvi assinar o recibo que continha três folhas, todas escritas. Bem, escrito o que já não posso dizer, mal conclui a quarta série, o Dr. Sabe, vida de Tia é difícil, começa cedo. O fato é que assinei e coloquei o número do meu CPF, ah, isso eu sei escrever!
Outro dia vi este homem na televisão, era um deputado lá das bandas do Sul, ouvi dizer que é longe pacas. O cara tava lavando dinheiro e colocando na conta de terceiros, mas nunca imaginei que este ‘terceiro’ fosse eu. Dr. Delegado, nem conta em banco tenho! Se minha tevê é 29 polegadas é porque tive de ralar muito pra comprar.
O delegado me fitou intensamente com um pesar e disse:
_ Minha senhora, estupraram tua identidade.
domingo, agosto 14, 2005
Mulher de atitude

Certo dia entra na minha clínica esta mulher linda, loura, olhos castanhos claros, corpo esbelto, tipicamente brasileiro, a não ser por um detalhe, sua cintura não era milimetricamente desenhada a ponto de ser chamada popularmente de ‘violão’. Analisei seu corpo em menos de três segundos, pois devora-la com meus olhos não era meu trabalho. Ela sentou-se, me chamou de doutor e começou a lamentar-se de sua aparência, de como gostaria de ser linda e como os homens eram injustos com ela. Disse que procurou toda forma de regime, e comprava roupas todo mês em busca do ‘guarda-roupa perfeito’, mas que não sabia se isso era bom ou ruim, às vezes tinha vontade de abandonar toda idéia e viver em algum lugar calmo, com seu príncipe encantado, cujo ainda precisava encontrar, pois todos os homens eram canalhas que só queriam usá-la e abandona-la, por isso não lhes dava chance alguma, no primeiro encontro, durante o jantar era suficiente para que ele se despedisse ou lhe convidasse a seu apartamento com segundas intenções. Pensei se esta jovem mulher não sofria de síndrome-de-perfeição com certo complexo de realidade-infantil e também um pouco de síndrome-de-consumo, o que lhe acarretaria nessa sobrecarga de imagem a ser renovada a todo o momento e na perfeição dos acontecimentos. Nas próximas sessões comecei a perceber que a coisa ainda era pior do que pensava, ela estava pensando seriamente em fazer uma lipoaspiração, segundo afirmou, sentia que sua vida não andava bem, os homens não lhe davam atenção porque tinha os quadris um tanto largo para seu porte físico, estava desesperada e apesar de comprar todo tipo de calça que pudesse para disfarçar o ‘inconveniente’, ainda insistia no assunto, não apenas comigo, mas com todos a quem pudesse conversar por mais de dez minutos, nos quais oito eram dedicados a falar de seu peso e suas roupas. Foi quando percebi que não era seu corpo, suas roupas nem os homens com quem falava onde se encontrava o problema, e sim o problema era que ninguém agüentava as lamentações incessantes da jovem. Resolvi então tentar da maneira mais suave possível dizer que ela precisava relaxar um pouco sobre sua imagem, talvez tirar umas férias e ir a um lugar mais calmo, não se importar tanto e não discutir este assunto a todo o momento com todos, principalmente com os homens a quem ela tinha interesse. Ela muito indignada com minha atitude, levantou-se do sofá, pegou suas coisas, me pagou as consultas e disse que homens eram todos iguais, não sabiam escutar, apenas falar, reparar nas aparências femininas, falou em alto e bom tom ‘estou confortável com minha aparência, e se fizer uma lipo de maneira alguma é pra agradar algum homem’.
Conclui que ela não queria se tratar com um psicólogo, apenas pagava um homem que tinha à ‘obrigação’ de escutá-la por uma hora, na verdade tinha síndrome-de-atenção-masculina.
E qual mulher não tem?